Misirlou e a essência de um blog

Conhecem aquela sensação que temos quando descobrimos um facto desconhecido – ou uma relação – sobre qualquer coisa que nos é familiar? Aquela sensação do “Ah, olha que giro, não sabia”? Nos últimos dias tenho sofrido algumas vezes desse sorriso embevecido de quem descobre uma coisa que, apesar de muita gente conhecer, eu não conhecia. Muito por culpa, de facto, deste renascimento da mineralogia. Contudo, as principais despesas vão para a Wikipedia e para o Google. Num dado momento do meu extenuante (cof, cof) dia tenho duas janelas abertas na Wikipedia e uma com o Google a olhar expectante para mim abanando o rabo. Subitamente, “Google, busca!” e lá vai ele, todo pimpão. Ora, assim que ele volta com o osso, apetece-me logo investigar ainda mais fundo, até às raízes da questão, passar o resto do dia a contar isso a quem encontro no café – que invariavelmente são sempre as mesmas pessoas, ou a mesma pessoa – e, para encerrar o assunto, escrever um post aqui no blog sobre a tal “descoberta”. Eu sei, oh, se sei. Sou um chato.

E o que descobri eu agora? Descobri que aquela música, bandeira-mor e perfeita sinopse, da banda sonora do filme Pulp Fiction, é grega. Já sabia que se chamava “Misirlou”, mas não sabia que isso queria dizer “Rapariga Egípcia”. Digamos que é uma espécie de “Garota de Ipanema” versão mediterrânica. Foi composta em 1927 por Nikolaidis Patapadolopoulos… Não, é mentira, o rapaz chamava-se Michalis Patrino, o que, diga-se, é um nome demasiado desenxabido para grego. O que é facto é que toda a gente gosta dessa música graças a um grego, mas também graças a Dick Dale – o pai da essência do surf-rock – que em 1986 compôs uma versão electrizante da música: a versão do filme. Entre essa gente toda que não é capaz de controlar os pés quando ouve a Misirlou contam-se sérvios, gregos (!) e judeus, sendo ainda uma das músicas mais famosas entre as praticantes de dança do ventre.

O que lhe interessa isto? Onde irá acabar este texto? São estas as perguntas que lhe perpassam o espírito, caro leitor? Ora, deixe-se de interrogações absurdas. Concentre-se sim nas questões que preocupam toda a gente, inclusivamente este que lhe escreve: quando é que o Obama põe mão nisto; quando é que os recibos verdes deixam de existir; quando é que vemos as mamas novas da Maya; será que Scolari volta ou está (estamos) perdidos para sempre; que sex-symbol portuguesa é que Salazar não comeu?

Isto é um blog, pá. Se queres coisas interessantes lê o Correio da Manhã.

4 pensamentos sobre “Misirlou e a essência de um blog

  1. O que me interessa? Ora, eu também procurei por todos os quadrantes o significado de Misirlou e só encontrei a resposta aqui.
    Valeu, amigo, mesmo porque a música é cativante, avassaladora, despertando o lado místico de qualquer cidadão mais cético.
    É que gravei uma apresentação da banda de meu filho onde ele executa o solo de Misirlou, que eu nunca tinha visto (ou ouvido). Confira lá, até que dá pra ouvir: http://www.youtube.com/watch?v=P9OXhl6TEJ8

  2. Caro Milton, nem lhe conto a alegria que sinto por este blog (finalmente) servir para alguma coisa. Se me dissessem que alguém encontrou aqui informações que não encontrou em mais lado nenhum eu jamais acreditaria. Ah, se quiser mais informações procure na Wikipedia. Em inglês é mais completa, mas em português também tem muita coisa.

    Agradeço-lhe o video, mas no momento em que escrevo esta resposta o meu Toshiba diz-me que deixou as drivers de som nas outras calças. Assim que ele as recuperar ouvirei o solo do seu filho com todo o gosto.

  3. E você acha que eu não consultei a Wikipedia ? Nem lá tem o significado da palavra. Tem mais, a Wiki diz que a música é de autor desconhecido, e foi consagrada pela performance de Dick Dale, o que não é verdade. O autor é mesmo Michalis Patrino, foi consagrada nas Olimpíadas da Grécia, em 2004, na interpretação de Anna Vissi – http://www.youtube.com/watch?v=AURm7GY-Uj4 – mas quem tem a melhor performance ainda é Dick Dale & The Del Tones. Ele, por sinal, não é americano, mas árabe. Só gostaria de saber onde você descobriu o significado de Misirlou, embora eu ache que deva ser a garota de Ipanema grega, não árabe. Sei lá …

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